quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Apito Dourado: Ministério Público não acreditou em Vieira no caso Mantorras







Líder do Sport Lisboa e Benfica a salvo de acusação de benefício pessoal, única e exclusivamente por falta de provas. Por incrível que pareça, destino do dinheiro não foi investigado, assim como não foram aprofundadas as ligações a empresas offshore










Justificações de Luís Filipe Vieira sem credibilidade

O Ministério Público (MP) de Lisboa classificou como "sem credibilidade" as justificações apresentadas por Luís Filipe Vieira em interrogatório no âmbito do caso Mantorras, no qual a Polícia Judiciária procurou investigar suspeitas de alegada apropriação ilícita de verbas que circularam quando o futebolista foi transferido do Alverca para o Benfica. Mas, apesar de não acreditar na versão do presidente do Benfica - concretamente quanto à data (Fevereiro de 1999) de um contrato em que eram cedidos ao clube 60% do passe do jogador, adquiridos, em nome pessoal, por Vieira - preferiu concluir por falta de provas para acusar o dirigente por crime de participação económica em negócio, o único ilícito apreciado no despacho de arquivamento.

Cinco parcelas menos claras, dum mesmo negócio

De acordo com informações recolhidas pelo JN, a investigação, tutelada pelo DIAP do MP de Lisboa, averiguou cinco parcelas do negócio que envolveu o actual líder do Benfica e ex-dirigente do Alverca na aquisição, em Fevereiro de 1999, de Mantorras ao clube angolano, pelo empresário Jorge Manuel Mendes; na posterior cedência de 60% a Vieira, em nome pessoal; na alegada cessão, na mesma data, dessa posição contratual ao Alverca; na venda de 50% do passe do Alverca ao Benfica; e na aquisição, por parte do Alverca, dos restantes 50% do passe ao empresário Mendes.

Destino do dinheiro não foi investigado

Neste cenário, sem que se saiba porquê, a investigação não averiguou o destino do dinheiro pago sobre Mantorras após entrar nos cofres do Alverca.

PJ não encontrou comprovativos das contrapartidas

A PJ deparou-se com falta de documentos e comprovativos de pagamentos referentes à aquisição ao clube angolano. Isto é, não foram encontradas provas de que Vieira tenha pago os 60% do passe de Mantorras, nem de contrapartidas recebidas pelo então dirigente ribatejano na cedência gratuita dos direitos do jogador ao clube.

PJ duvida da veracidade de documento apresentado por Luis Filipe Vieira

Este documento, cuja data de Fevereiro de 1999 as autoridades colocam em dúvida, fez parte da justificação de Luís Filipe Vieira no que toca ao argumento de que nada ganhou pessoalmente com os negócios. Mas, apesar desta dúvida, e das suspeitas de tal documento ter sido eventualmente "fabricado" posteriormente a essa data, a investigação não reuniu provas de fluxos e ganhos financeiros na esfera pessoal de Vieira.

Para arquivar, foi tida em conta a palavra de Manuel Vilarinho

Para o arquivamento do caso, contribuíram ainda as palavras de Manuel Vilarinho, então líder do Benfica, segundo as quais Vieira era gestor do futebol encarnado, mas não terá negociado Mantorras.

Negócio envolve empresas offshore

Uma outra parte suspeita do negócio teve a ver com a aquisição, em Maio de 2001, por parte do Alverca, a Jorge Manuel Mendes, dos restantes 50% do passe de Mantorras, por 1,6 milhões de euros. A PJ recebeu documentos anónimos referentes a contratos que iriam ser efectuados através de duas empresas "off-shore" com vista ao pagamento daquela verba a Mendes. Só que os pagamentos acabaram por ser efectuados entre o Alverca e a PGD, firma do empresário, tendo este, posteriormente, transferido parte importante do dinheiro para uma outra conta de um "paraíso fiscal", referente a uma firma de nome "Almond". Uma parcela deste dinheiro foi transferida para duas outras "off-shores".

Questão das offshore não foi aprofundada

Novamente e por estranho que pareça, esta parte da investigação também não foi aprofundada, havendo dúvidas quanto à identidade dos beneficiários.

Em todo este processo do Caso Mantorras, parece ter havido uma estranha necessidade de não investigar, nem aprofundar as partes que porventura a opinião pública consideraria mais importantes. Qual o motivo, fica por determinar.

NOTAS

Luis Filipe Ferreira Vieira, foi recentemente acusado por um dossier anónimo entregue à Procuradoria-Geral da República, de ter sido "visto frequentemente a jantar em Restaurantes de luxo da baixa lisboeta" com o Inspector Sérgio Bagulho, um dos membros da equipa encarregue do processo Apito Dourado, liderada por Maria José Morgado.

Nesse mesmo dossier, são feitas alusões a diversas reuniões secretas com o presidente e um vogal do Conselho de Arbitragem da Liga, na época 2004/2005, em que o Sport Lisboa e Benfica finalmente conseguiu ser campeão nacional, ao fim de 11 anos seguidos de jejum.

Nota: Esta notícia teve por base um artigo da edição online do Jornal de Notícias. Foi alterado e não reflecte de modo algum o que vinha no original. Pode lê-lo carregando na ligação que se segue:

Ver o original do Jornal de Noticias

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