quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Lisboa: Luís Filipe Menezes ameaça levar as eleições do PSD a Tribunal

Foto da versão impressa do Jornal de Noticias (Norte)



















Perante várias centenas de apoiantes, no Hotel Altis, em Lisboa, o candidato Luís Filipe Menezes teceu duras críticas à forma como o seu adversário, Marques Mendes, actual líder do PSD, tem tentado evitar o voto dos militantes

Acusações de ilegalidade no processo eleitoral

Luís Filipe Menezes solicitou à presidente do Conselho Nacional do PSD, Manuela Ferreira Leite, “a reposição integral dos cadernos eleitorais”. Se até hoje “à noite” nada mudar, o candidato ameaça recorrer à Justiça para repor a “legalidade” do processo eleitoral. O que poderá significar a anulação das directas marcadas para 28 de Setembro.

Marques Mendes "não tem estatura política e ética para liderar o PSD”, garante Menezes

Perante uma plateia repleta, Menezes acusou o adversário de mostrar “que não tem estatura política e ética para liderar o PSD” e de se “comportar como um pequeno tirano”. Para solucionar o problema de quotas, Menezes sugeriu a reintegração de todos os militantes com quotas pagas nos cadernos eleitorais, retirados por alegados “pagamentos em massa”. E defendeu que deverá ser decretada a “imposição do regulamento em relação aos Açores”, retirando dos cadernos os cerca de oito mil militantes açorianos que não têm as quotas em dia. Em alternativa, o autarca de Gaia sugeriu que, tal como os açorianos, os militantes do Continente e Madeira que paguem as quotas até sexta-feira possam votar.

Menezes prefere tentar resolver primeiro o assunto dentro do Partido

Caso Ferreira Leite não tome uma posição, Menezes recorre “aos instrumentos que existem num Estado de Direito”. Mas recusou responder se interporá uma providência cautelar para suspender as directas ou impugnar as eleições junto do Tribunal Constitucional. “Primeiro vou esgotar os instrumentos dentro do partido”, disse.

CJN com dualidade de critérios favorável a Marques Mendes

Em causa está a decisão do Conselho de Jurisdição Nacional (CJN) do PSD, após reunião na segunda-feira, de dar “a possibilidade excepcional” a oito mil militantes dos Açores de pagarem as quotas em atraso até ao dia das directas. Ao mesmo tempo que excluiu 1442 militantes dos cadernos eleitorais por “pagamentos irregulares”.

Marques Mendes baixa o nível, acusando Menezes de baixar o nível

Confrontado com as declarações de Menezes, Marques Mendes recorreu a um estratagema já gasto e muito usado por políticos que não tem como rebater os argumentos do opositor e acusou o adversário de “baixar” o nível do debate para o “plano do insulto, da chantagem e da mentira”. “Quem quer ser líder do PSD não pode baixar a este nível, não pode ter este tipo de comportamento e de linguagem. Se algumas dúvidas existissem, elas dissiparam-se a partir de hoje [ontem]. Quem se comporta desta forma não pode ser líder do PSD”, afirmou Marques Mendes. O actual líder parece assim preferir os comportamentos sobre os quais Menezes diz que é preciso repor a legalidade.

Presidente do CJN apresenta argumentos estranhos num Estado de Direito

O presidente do CJN, Guilherme Silva, estranhamente assegurou que não se trata de uma “situação de favor” para os militantes dos Açores. “É dar-lhes a oportunidade de em três dias pagarem as quotas, quando os militantes do Continente tiveram 50 dias para o fazer”, argumentou, embora não se perceba o raciocínio, porque os militantes dos Açores tiveram o ano inteiro para o fazer. Já o porta-voz da candidatura do actual líder do PSD, Macário Correia, acusou Menezes de ter “perdido a cabeça”, numa atitude muito pouco digna e talvez ainda mais insultuosa do que as acusações de Menezes, sobretudo vinda de quem pelo visto se queixa tanto de insultos.

DISCURSO DIRECTO DE LUIS FILIPE MENESES

"O meu adversário, que tanto usa a palavra credibilidade, demonstrou ao longo dos dois últimos meses que não tem estatura política e principalmente ética para continuar a liderar o PSD. Comportou-se como um pequeno tirano, recusou todas as regras."

"[Guilherme Silva] confirma a sua falta de isenção e idoneidade face ao cargo que ocupa [presidente do Conselho de Jurisdição do PSD]."

"Desejo derrotar com clareza este poder apodrecido nas urnas."

"Existem duas possibilidades [para repor a legalidade]: uma dentro do partido, outra recorrendo aos instrumentos que existem num Estado de Direito."

APONTAMENTOS

REPÚDIO

Moita Flores, antigo Inspector da Polícia Judiciária, apoiante de Menezes, manifestou “repúdio em relação às práticas inqualificáveis” no partido. “Dei a cara pelo PSD e não para alimentar caciques e gente sem respeito pela legalidade e pelos companheiros”, afirmou.

DESIGUALDADE

José Guilherme Aguiar, membro do Conselho de Jurisdição do PSD, acusa o partido de estar a promover “desigualdade de tratamento” entre os militantes. “Quem defendia o rigor está a tratar de forma desigual os militantes”, disse.

CRÍTICAS

O presidente da JSD, Pedro Rodrigues, criticou a decisão do CJN do PSD e considerou que está em causa a credibilidade do partido. “As regras não podem ser alteradas a uma semana das eleições, não faz sentido”, defendeu Pedro Rodrigues.

Nota: Esta notícia teve por base um artigo da edição online do Correio da Manhã. Foi alterado e não reflecte de modo algum o que vinha no original. Pode lê-lo carregando na ligação que se segue:

Ver original do Correio da Manha

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