terça-feira, 10 de julho de 2007

Corrupção a Sul: PJ investiga negócios dos dirigentes dos clubes de futebol


Nem só as suspeitas de corrupção desportiva, activa e passiva, e o alegado branqueamento de capitais a Norte estão a motivar investigações da equipa do Ministério Público liderada pela procuradora-geral adjunta Maria José Morgado no âmbito do processo "Apito Dourado".

O DN sabe que, em simultâneo, algumas ligações de conhecidos dirigentes do futebol português, radicados no sul do País, a negócios paralelos relacionados com a construção civil e o ramo imobiliário estão a ser passadas a pente fino. Ao que tudo indica, soube o DN junto de fonte ligada ao processo, os investigadores da Polícia Judiciária (PJ) estão a debruçar-se sobre diversas operações, desde ofertas - tanto de terrenos como, por exemplo, de apartamentos -, consideradas estranhas, a compras e vendas de terrenos em condições peculiares, suspeitando as autoridades que, não raras vezes, estes negócios implicaram trocas de favores - alegado tráfico de influências - pagos principescamente, e, claro, à margem das contas dos clubes aos quais estão ligados os envolvidos.

Na mira das autoridades estão também não só sociedades criadas apenas para o efeito pretendido, como ainda o envolvimento de algumas empresas detidas por dirigentes nos referidos negócios que agora as autoridades pretendem compreender na sua plenitude.

Afinal, e este é apenas um exemplo de situações reais, quanto pode valer para um empresário a possibilidade de alguém, através de conhecimentos, lhe conseguir desembargar uma obra que lhe haviam embargado? Às vezes, vale milhões, pagos em dinheiro ou, porque não, em apartamentos dos que futuramente serão edificados precisamente na zona desobstruída depois da acção do tal amigo, preponderante para ultrapassar as adversidades.

Será, soube o DN junto de quem conhece as démarches em curso, sobre questões como a atrás referida que as autoridades se debruçam.

Segundo a mesma fonte, é, para os investigadores, cada vez mais notória a ligação futebol/câmaras municipais/ramo imobiliário, com aparentes benefícios para todas as partes deste tridente. Para já, o sigilo dos investigadores é total. Aliás, apurou o DN, haverá mesmo casos em que os protagonistas, leia-se dirigentes alegadamente envolvidos em práticas suspeitas, além de nem sequer terem sido chamados a prestar declarações, desconhecem por completo as investigações em curso. Mas estas prosseguem e prometem agitar não só o meio desportivo mas também o político, nomeadamente entre os que desde há muito promovem a sua proximidade com o futebol.

Para já, as investigações seguem sem alarido. Mas, a confirmarem-se as suspeitas, depois de muito se falar sem, contudo, qualquer repercussão prática, poderão estar para vir à tona com flagrante nitidez as ligações, alegadamente perigosas, entre o futebol, o ramo imobiliário e, claro está, o indispensável poder autárquico.

Nota: Este artigo teve por base um artigo da edição online do Diário de Notícias. Foi alterado e não reflete de modo algum o que vinha no original. Pode lê-lo carregando na ligação que se segue:

Ver artigo original do Diario de Noticias

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